sábado, 10 de dezembro de 2011

JOÃOZINHO GOMES



Fotografia Drika

A pesquisa encomendada pelo Sistema Fecomércio-RJ é quem nos dá os números e eles merecem reflexão e muita atenção da família, cuja importância é decisiva, dos gestores da educação e dos professores, que na verdade deveriam ser educadores e, lamentavelmente em sua grande maioria, não são.
No ano de 2007 mais da metade dos brasileiros passaram longe de qualquer programação cultural e, 69% deles não leram sequer um livro, um único livro. Falta de hábito foram na maioria as respostas.

A urgência faz a hora de exigir dos professores que leiam alguns livros por ano como obrigação curricular e funcional. A urgência faz a hora de aparelhar nossas escolas com bibliotecas e obras diversificadas e atuais, para incentivar e influenciar os estudantes e suas famílias no habito da leitura.
No País existem hoje um pouco mais que seis mil bibliotecas públicas e, a quase totalidade delas, mambembes e entregues ao descaso absoluto. Nas poucas escolas da rede de ensino que mantém alguma funcionando, a pobreza do acervo é vergonhosa.



Na Amazônia geográfica existem mais ou menos trezentas bibliotecas públicas, mas o número de organizações privadas é incalculável, as tais não governamentais, que não se sabe direito o que fazem, mas sobrevivem usando benesses do poder público – imóveis, verbas, isenções de impostos, transito facilitado etc... Poucas, mas muito poucas mesmo, exercem o objetivo social de educar o homem.

A abnegação de alguns é insuficiente. Somos a 11ª economia do mundo com uma assustadora deficiência de conhecimento. Achar que a modernidade da Internet vai resolver todos os problemas é no mínimo uma irresponsabilidade. Ensinar a ler primeiro é que pode abrir o universo para todas as possibilidades adormecidas em nossos estudantes. Moderno é saber ler, escrever, se conhecer, raciocinar, interagir e se formular diante da vida.

Ainda jovem, se descobriu na leitura, na literatura, no convívio com a obra de grandes escritores e poetas, desvendando e reconhecendo seu próprio caminho.
Os primeiros versos, a música brasileira, mais um deslumbramento - outro reconhecimento.

Na esquina da Av. 1° de Dezembro com a Rua Itororó, ( hoje Dr. Enéas Pinheiro) em Belém, entre um grupo de jovens artistas e suas inquietações - o sonho e os primeiros companheiros.

No contato com as obras dos poetas, compositores e cantores independentes pulsando para se consolidarem definitivas – O sonho, os companheiros e a forma – tudo junto, era mesmo seu caminho.

Com a simplicidade estampada em cada gesto a timidez não o revela, apenas disfarça a sabedoria de capturar discretamente a vida ao seu redor para reordenar seus sinais na intimidade da sua criação. Não pensem em solidão, é intimidade mesmo, é o momento em que se transmuda para seduzir as palavras, cantarolar para frases inteiras, deflorar metáforas e copular com a inspiração, que aonde vai o segue como chama que nunca se apaga.

É do interior, nascido uma e muitas vezes aqui e por aqui. Como parido de onça, de um igarapé, de uma magra palmeira ou num batuque enquanto a flecha passava. Também nasce de versos e rimas, de brasis e de pessoas, nasce do centro, dos lados ou do interior de algum detalhe quase imperceptível.

É um dos maiores poetas e letristas da Amazônia e do Brasil. De sua obra muita coisa ainda é inédita, não só na poesia como nas centenas de letras musicadas.
Do letrista apenas uma pequena parte esta registrada pelos próprios parceiros e alguns outros artistas, talvez nem vinte por cento das canções feitas com Lôbel, Luhli e Lucina, Nilson Chaves, Rafael Lima, Walter Freitas, Genésio Tocantins, Eudes Fraga, Elton Ribeiro, Juraildes da Cruz, Jean Garfunkel, Mário Moraes, Marco André, Cláudio Lobato, Lano Cabral, Marco Antônio (Marcão), Salomão Habib, Albery Jr, Cláudio Nucci, Jane Duboc, Telma Tavares, Marta Strauss, Madan, Paulo Fraga, Rafael Altério, Ziza Padilha, Sérgio Souto, Enrico Di Miceli, Celso Viáfora, Chico César, Vital Lima, Sebastião Tapajós, Felipe Cordeiro, Pedrinho Callado, Osmar Júnior, Marcelo Sirotheau, Aldo Moreira, Zé Miguel, Pedrinho Cavalero, Amadeu Cavalcante, Val Milhomem, Augusto Hijo, Mário Mouzinho, Helder Brandão, João Milhomem, Ricardo Iraguani, Vicente Moura, Marcelo Schneider, Cléverson Baia, Vicente Barreto, Zeca Baleiro, Marco Antonio Quinan, Cuca Nonato, Zé Luiz Manechi, Pratinha Saraiva, Orestes Mourão, Tó Nascimento, Macário Lima, Irene Portela, Tato Fischer, Klébi Nori, Delço Taynara, Fernando Carvalho e comigo.

Difícil andar pela Amazônia sem ouvir e cantarolar um verso saído de seu ofício, na música de algum parceiro. Mais difícil ainda não entender sua influência esparramada pelo caminho que percorre.

Mestre-aprendiz - orgulho de todos os companheiros, parceiros, amigos, irmãos e muitos brasileiros.

Sua obra é também recomendada para quem quer conhecer e falar da Amazônia ou entender melhor a palavra simplicidade.

À Benção Joãozinho Gomes,

Marcos Quinan

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