segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

LUA

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Lula para os de casa
Luí para alguns
Lua para a maioria, o apelido foi dado por Mario Lago
Gonzagão
Seu Luiz para os artistas mais novos
 
Conhecido como o rei do baião, Luiz do Nascimento Gonzaga nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na fazenda Caiçara, município de Exu, localizado no sopé da Serra do Araripe. Pernambuco, filho de Januário José dos Santos, sanfoneiro e consertador de instrumentos e Ana Batista de Jesus (Dona Santana).

Passou toda a sua infância ao lado do pai e do ofício dele, acompanhando-o desde os oito anos de idade aos bailes, onde o ajudava e aprendia. Trabalhou também na roça, nas feiras e tomando conta de rebanhos de bode.

Em 1924, aos doze anos, comprou sua primeira sanfona, fole de oito baixos, da marca Veado e aos quinze já tinha adquirido prestígio, na região, como sanfoneiro.

Em 1930, por causa de uma paixão frustrada (Nazarena), desentendeu-se com a família e fugiu a pé até o Crato, no Ceará, alistando-se no Exército onde ficou conhecido inicialmente como o Corneteiro 122.

Para se alistar, aos 17 anos, mentiu, dizendo ter 21. Lutou na Revolução de 1930 e deixou a farda em 1939. No exercito virou o Bico de Aço, corneteiro. Tentou tocar sanfona na banda do exercito, mas foi eliminado. 

Quando recebeu baixa do serviço militar foi para o Rio de Janeiro, na época, a capital da república, e passou a cantar e se apresentar no Mangue, zona de prostituição da cidade, onde havia muitos cabarés e gafieiras. No bar do Espanhol um grupo de estudantes nordestinos, entre eles Armando Falcão (ex-ministro da Justiça), pediam sempre para que cantasse coisas do nordeste e, como Gonzaga sempre comia a xepa  na republica deles, fizeram a chantagem ou cantava ou não tinha mais o rango e os trocados que sempre juntavam entre si e davam a ele. Um mês depois Luiz Gonzaga estava tocando nos cabarés do Mangue a musica de sua origem. Sempre agradecido a Armando Falcão compôs Massapé Grande em sua homenagem. 

Apresentou-se no programa de auditório de Ary Barroso, bastante popular na época, cantando música nordestina e conquistou a nota máxima, sendo depois contratado pela Rádio Nacional. Em 1941, gravou seu primeiro disco pela RCA.

Casou-se, em 1948, com a professora pernambucana Helena Cavalcanti que havia conhecido nos bastidores da Rádio Nacional. Relacionamento tumultuado até o fim da vida, sua sogra junto com a filha faziam de sua vida um inferno. Envolveu-se com outras mulheres como Odaléia que era do coro de Ataulfo Alves, mas foi com Edelzuita que passou os últimos anos. Para ele foi seu grande amor e quem o ajudou muito.

Trabalhou como contratado na Radio Club do Brasil, Tamoio, Radio Nacional e na RCA Victor. Sua música “Vozes da seca” feita com Zédantas valia por cem discursos e influenciou na criação da SUDENE. A música Paraíba com Humberto Teixeira que foi chamada por um tempo de Paraíba no masculino foi feita pra Emilinha a seu pedido por seu pai ser nascido lá. Quando ele mostrou, ela achou feia a expressão mulher-macho e seu Luiz riu e disse então deixa que eu gravo, mas ela disse, não pode deixar que vou gravar e foi o maior sucesso.

Gonzaga dominava também o violão e foi quem descobriu o triângulo, muito comum nas feiras para chamamento, e começou a utilizá-lo como é usado até hoje. Também foi quem harmonizou a batida da zabumba com a sanfona como conhecemos.

No inicio de sua carreira não cantava, era só musico e compositor, a primeira musica que gravou foi Dança Mariquinha, mas o primeiro sucesso foi Mula Preta.

Até o fim da vida lutou pelo seu chão – além de apaziguar a região de Exu palco de uma briga familiar de mais de 40 anos foi com sua influencia direta que a região teve o Colégio Agrícola, luz elétrica, televisão, posto telefônico, rodovias de acesso etc... Nunca deixou de arrecadar recursos e mantimentos para os desvalidos da região. Muito antes de isso ser corriqueiro, ele já pedia em suas apresentações que lhe doassem alimentos pra sua gente. Ajudava com dinheiro também. Inúmeras vezes o cachê era todo entregue em doação. 

Quando morreu, aos 77 anos já não conseguia mais segurar a sanfona por causa do câncer na próstata, que, junto com a osteoporose, o levou. Ele estava cego de um olho por causa de um acidente de carro na década de 50. Morreu de insuficiência respiratória, morreu dormindo e decerto aboiando sua dor. No hospital o sofrimento era muito, então ele aboiava e perguntava aos outros doentes se estava incomodando e pedia desculpas e aboiava... aboiava...



MQ

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